Sobre os supostos “maduros” e “sábios”

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quarta-feira, dezembro 22, 2010 by


     As vezes eu acho que as pessoas são mais sábias do que eu. Que eu sempre vou aprender com elas, que eu sempre preciso prestar atenção no que elas fazem. De fato, eu aprendo muito. Seja essa pessoa mais nova do que eu, ou mais velha. Só que eu paro pra pensar, e vejo que as vezes eu preciso reconhecer que eu tenho que me colocar no papel da pessoa mais sábia em certos momentos. Eu preciso ser aquele vai transmitir alguma sorte de sabedoria. Eu sou o maduro, saca, e não a outra. Preciso me ver na responsabilidade de trazer à essa pessoa algo que vá colaborar para seu amadurecimento. Elas também precisam aprender comigo, elas precisam prestar atenção no que eu faço, falo, penso. Não é um engrandecimento, mas sim um reconhecimento de que todos nós aprendemos uns com os outros. Não pense que você é apenas uma cisterna, que só vai receber a água que jorra de uma pessoa que parece ser mais sábia ou madura em uma ocasião. Aquela pessoa as vezes é tão imatura quanto você. Seja uma fonte, e aprenda a jorrar o que você sabe. Não há ninguém que não saiba nada. Toda forma de experiência de vida é uma lição para outrem, e disto eu estou mui certo. As vezes é muito lindo o que uma pessoa faz, muitas vezes figuramos aquilo como algo maravilhoso, mas, se você olhar bem fundo, não há nada de lindo, e sim de muito artificial e imaturo. Você precisa mostrar então a ela que dessa água você não quer. Rejeite toda água que alguém quer depositar em você, largue sua vida de cisterna. Seja uma fonte, aprenda a fluir suas próprias águas e abasteça vidas também. Seja relevante de verdade, com palavras que somem, mas não com intento de “querer ser” relevante, impressionar ou soar superiormente sábio - porque se você assim tentar fazer, estará sendo imaturo e infantil -, mas sim como se isso fosse algo natural de você, aliás, você é uma fonte, e tudo que sai de ti flui de ti mesmo.

Leia o texto Sobre Cisternas e Fontes, do Rubem Braga eu o li há alguns meses atrás e ele me veio à cabeça, de subito.


1 comment

  1. Nesse ponto eu me subestimo bastante. Sempre acho que tenho o que aprender com as pessoas humanas e me parece que não tenho nada pra ensinar. Todo mundo diz que gosta das coisas que eu digo, que aprendem muito, mas sei lá, acho que carrego comigo mais problemas do que soluções.

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