Archive for 2013

Correnteza

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terça-feira, dezembro 31, 2013 by


Um dezembro nublado se despede. Os últimos dias de um ano no qual estive praticamente ausente deste espaço. Confesso que concentrei muito da minha energia e atenção em diversas outras coisas, mas temo que a falta de inspiração e a preguiça foram que me mantiveram ausente. De alguma forma, ansiava por ter registradas reflexões dos meus dias. A verdade é que não posso prometer mais que irei alimentar este blog frequentemente, mas desejo e necessito desesperadamente de inspiração. Que meus pensamentos possam ir além de meios registros em dispositivos portáteis e fotografias. Que as palavras se unam de forma completa e componham o espelho das angústias e prazeres da minha alma. Que as cores dos dias de sol e o gris das tardes nubladas não se resumam a meras sensações, mas possam encontrar seu lugar nos meus versos e linhas corridas. Que meus dias se tornem memórias gravadas, em papel, em notas, em bytes.


Neste ano experimentei de um nível mais profundo do mergulho dado nestes últimos anos. Uma vez que se está no profundo, a superfície se torna desprezível. Creio que tenha sido o ano mais desafiador dessa jornada. Começou no inverno nostálgico do norte da Itália, continuando com as múltiplas tonalidades do cotidiano em minhas andanças pelas paisagens cariocas, passando pelo calor e a beleza da Cidade do Panamá e prestes a terminar em meios a preparativos para quinzes dias marcantes em meio aos universitários mineiros de Juiz de Fora. É, muitas aventuras que me enriqueceram, prepararam minhas mãos e me deram mais oxigênio para ir mais fundo nesse mar. Paralelamente a isso tudo, a sensação constante que tive - e que tenho, e que continuamente cresce a cada dia de uma maneira tão sufocante, mas tão motivadora - é de estar nadando contra a correnteza. Sim. O mundo todo seguindo em um sentido, sem olhar pra traz, sem olhar ao redor, com um alvo em mente. Alinhados e determinados em um ritmo frenético por um objetivo inalcançável. Sempre haverá mais a desejar além do que se almeja obter. Mas, quando sua perspectiva é clara, e te faz ver a vida de uma forma muito apaixonante, ampla e cheia de sentido, não há como seguir o fluxo. Há a dor e o esforço de vencer a correnteza, de negar as setas no caminho, de ignorar os hologramas, mas há o prazer de se buscar o real e perseguir aquilo que realmente te faz sentir que há sentido e propósito em cada respirar, em cada dia nesta realidade fria. Jorradas violentas de livros, trabalhos, seminários, palavras geladas, superficialidade, egoísmo, individualismo, solidão, inexistência, desordem, preocupações, deadlines, dores silenciosas... E, dentre esta multidão de coisas, você graciosamente encontra espaços para viver por algo mais. Graciosamente você consegue investir em relacionamentos sinceros, olhando no coração das pessoas e se importando com quem elas verdadeiramente são. Graciosamente você tenta cultivar cores em meio ao gris da realidade. No entanto, a sensação que você tem é a de que muitos ao seu redor estão te dizendo "você está fazendo isto errado". O que você vive é então um modo alternativo de vida. 

O que quero dizer, em resumo, é que embora em uma etapa nova da vida, minha direção permanece a mesma, embora a cada passo a força da correnteza pareça mais intensa e mais agressiva. O choque entre ideais, sonhos, ambições é desagradável, mas, a satisfação é saborosa. Vale a pena. E é desta forma que continuarei, e a vida assim terá outras mudanças, mas o caminho é um só, não há outra direção a seguir (não mais agora). Daqui a pouco já é hora de virar a ampulheta e continuar vivendo. A vida não muda como mágica; toda mudança é um processo. Estou num processo ao longo de anos. Coisas novas surgirão nos dias que se segue e meu desejo é que tais experiências agreguem à quem eu sou. Valorizo mais a experiência do que os fins. É ela que me transforma, me ensina e me aguça o olhar é o coração para fazer escolhas. Que as novas experiências possam me inspirar e me levar mais fundo nesse mergulho. E sim, espero muito mesmo poder compartilhar as maravilhas deste mergulho cada vez mais profundo com vocês. E é assim então que me despeço deste breve dezembro.

Sam (31/12/2013)


Walk On

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terça-feira, agosto 27, 2013 by

Meu amigo
O mundo gira
A despeito de incertezas
Meu amigo
O mundo segue
Haja caos, haja tristeza
Sim senhor
O mundo é mau
Ou talvez sejam as pessoas,
Eu, tu, nós.
... sem voz
pra gritar
toda essa nóia.
Droga!
Certezas poucas
Incertezas muitas
Desesperos nunca
O caminho é longo
Mas o tempo curto
O cliche é forte
Mas é e vero e puro.

Sanderson (25/07/13)


Blame it on Boltzmann

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quinta-feira, maio 16, 2013 by



I just feel like trapped in a sea of lost ones
Minds bound to a multitude of sensless speeches
Letters which took place of numbers and words
and sound like silence for some
and screams for many ones.

(... But all I hear is his voice and a machine working somewhere not so far from here...)

The only entropy I feel is inside my mind
The more he writes on the blackboard, the less I understand,
the less I see sense in staying here

Locked away,
Persisting in vain
Since it is not what I really planned for me
My mind ain't a pretty bird
supposed to be in jail
Kept from flying, kept from living

I want to know places
these equations would never let me go
I want to taste flavors
this bitterness keeps me from
I want to see colors
that can't be fit on this rude blackboard
I want a kind of freedom
no earthly thing could give to make me whole.

Sam