O Novo

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quinta-feira, dezembro 06, 2012 by



Um aroma  incoscientemente desejado há muito tempo impregnou o ar. 
Inacreditavelmente, ela veio e derramou-se em parte. Trancou os portais celestes com seu cinza egoísta e transmutou o dourado deste quente dia decembrino num prateado véu nebuloso. Crescia o cheiro de chuva. Ainda o sinto. Respirei fundo e pensamentos de gratidão fluíram de um coração de fato grato. Os acordes de um violão intensificavam a inspiração que precedera aquela prece. Até que, após o breve silêncio, uma voz vibrou os ares e despertou os olhos.
Como o crescente cheiro de chuva, o novo vem em ondas. Frequente e pouco a pouco em intensidade. O desejo por ele é doce e instigante. O seu sabor é caótico, agridoce. O novo traz consigo pequenos caos escondidos sob suas exuberantes ondas. Quanto te atingem, te trazem de volta ao campo gravitacional da realidade, uma vez que, deslumbrado e desesperado pela sensação do novo, da mudança, perdemos noção de sua complexidade. No entanto, quando já tomado pelo abraço da novidade, algo é certo: deixe-se impregnar. Sinta não apenas o cheiro da terra molhada, mas repouse sob a chuva fresca e viva, que te lava do velho, te vivifica. Entre em ressonância com as ondas do novo e absorva a energia bem-vinda.

Sam (02/12/12)


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